Resgate da Criança Interior

23:16

O que é a criança interior?

A criança interior é o seu verdadeiro eu, o que corresponde à sua verdadeira essência, ao seu estado interno natural e harmonioso.

Frequentemente, os desequilíbrios sentidos na idade adulta, as dificuldades de comportamento,as reacções compulsivamente auto-destrutivas e de medo irracional perante certas situações são fruto da "violência" emocional e psíquica, quando não física, a que estivemos sujeitos em crianças.

A criança que fomos também não soube compreender, racionalizar, comportamentos que recaíram sobre si por parte dos pais e outros adultos, muitas vezes também eles ditados pelo medo, insegurança e dificuldades em enfrentar a vida, e interiorizou-os sob a forma de traumas alojados no coração e no corpo.

Porquê resgatar a criança interior?

Quando se reencontra com a criança interior, trazendo à memória acontecimentos e vivências dolorosas, o adulto em que hoje se tornou encontra-se em condições de explicar à criança que foi um dia o que ela não compreendeu, o que ela interiorizou talvez erradamente à luz do que sabia na altura e, simultaneamente, de lhe dar o que na altura era teria necessitado receber: compreensão, carinho, abraço, segurança, incentivo...

Trata-se de fazer crer à criança interior que o adulto que se é hoje está em condições de lhe dar tudo aquilo de que se viu privada. Chega-se a assumir para com ela o compromisso de estar atento e sempre à sua disposição para a ajudar quando, na vida do adulto de hoje, nela acordarem reminiscências negativas do passado.

O que resulta do resgate da criança interior?

Quando nos encontramos com a nossa verdadeira essência, descobrimos dentro de nós um ser merecedor de todo o amor do mundo. Levando para casa e para a vida uma sabedoria e claridade internas nunca experimentadas, assim como alguns instrumentos de trabalho, começamos a criar um novo espaço de relacionamento pessoal e inter-pessoal que concorre para nos sentirmos mais pacificados e mais dignos, tornando-nos assim mais capazes de transmitir plenitude e amor à nossa volta assim como no seio da própria família.

Meditação para o resgate da criança Interior

Antes de começar esta meditação, certifique-se de que cria um ambiente o mais positivo possível para o conforto e segurança da criança. Encontre um lugar com privacidade onde se sinta confortável.

Pode querer ter um pequeno cobertor, um boneco de peluche ou alguma outra coisa que faça a sua criança interior sentir-se bem vinda. Pode querer meditar ao ar livre, num lugar especial, ou procurar um local especial, acolhedor, na sua casa.

Ao fazer esta meditação pela primeira vez, é importante ter em mente algumas coisas. Por vezes, mesmo que tenhamos passado a maior parte da nossa vida sem estar em contacto com a nossa criança interior, o nosso primeiro esforço nesse sentido será muito fácil. A criança tem estado à nossa espera, querendo esse contacto connosco. Mas por vezes, a criança ainda não está pronta para confiar em nós, o que precisará de alguma paciência. A criança pode manter-se na reserva até saber que você realmente quer estabelecer este contacto e que está disposto a ser responsável e consistentes neste contacto.

Ao fazer esta meditação pela primeira vez, confie no que vier, confie no que acontecer. Se a criança estiver um pouco reservada ou um pouco hesitante, dê-lhe tempo. Continue fazendo esta meditação regularmente e descobrirá que o contacto continuará a aumentar e a tornar-se mais forte e positivo. Mas, enquanto isso, aceite o que quer que aconteça.

Pode ser que aconteça entrar em contacto com uma criança muito emocionada, triste ou magoada. Como pode acontecer encontrar uma criança brincalhona que apenas quer estar consigo e divertir-se. Pode entrar em contacto com o aspecto mágico da sua criança ou com a criança sábia. Aceite aquilo que chegar até si, pois essa será a parte que está pronta a ser descoberta nesse momento. Ao continuar a trabalhar com esta meditação, pode descobrir diferentes aspectos da sua criança. Confie na sua própria experiência.

Fique confortável, quer seja sentado ou deitado. Se ficar sentado, certifique-se de que a sua coluna está apoiada e que pode sentar-se direito. Se escolher fazê-lo deitado, deite-se confortavelmente, com as suas costas apoiadas por igual. Feche os olhos... inspire profundamente e, ao expirar, relaxe o seu corpo... inspire profundamente de novo e, ao expirar, relaxe o seu corpo cada vez mais... inspire de novo profundamente e, ao expirar, imagine que relaxa o seu corpo o mais completamente possível. Todo o seu corpo está agora completamente relaxado...

Inspire de novo e, ao expirar, relaxe a sua mente... Deixe que os seus pensamentos flutuem para longe; deixe que a sua mente se acalme, se aquiete... inspire de novo profundamente e, ao expirar, imagine que move a sua consciência para um lugar profundo, calmo, dentro de si...

Imagine então que caminha por aquele belo caminho até ao seu santuário interior... e enquanto segue pelo caminho, sente-se mais e mais relaxado, centrado e confortável. Ao entrar no seu santuário sente a beleza e o conforto da natureza a toda a sua volta...

Leve algum tempo a estabelecer contacto com o seu santuário interior, a relembrar alguns detalhes deste lugar e deixar a si mesmo que desfrute deste momento, de estar aqui... Imagine que caminho pelo seu santuário, notando as diversas plantas e animais, sentindo o sol ou a brisa... e um pouco mais longe, através do santuário, toma consciência da presença de uma criança pequena... ao encaminhar-se na direcção da criança, pode ver ou sentir se é um rapaz ou uma rapariga, a idade que terá e o que está a fazer...

Mova-se lentamente na direcção da criança , ao chegar mais perto, repare em como a criança está vestida... Permita-se sentir como a criança se sente emocionalmente... Aproxime-se da criança e estabeleça contacto da forma que sinta ser a mais apropriada neste momento...

Pergunte à criança se existe alguma coisa que queira dizer-lhe ou comunicar-lhe. Pode ser por palavras ou de alguma outra forma. Permita-se receber o que quer que a criança queira comunicar...

Pergunta então à criança, o que mais necessita de si, neste momento ou na sua vida em geral... Escute o que a criança tem para lhe dizer, seja por palavras ou de alguma outra forma...

Passe algum tempo com a sua criança... Permita que a criança o guie na forma apropriada a estar com ela, quer seja brincando, apenas estando juntos ou na forma de um abraço...

A criança tem um presente especial para si. Permita-se receber que a criança tem para si... Permaneça com a sua criança... Deixe que a criança saiba que quer estar em contacto com ela tanto quanto possa, a partir deste momento...

Termine este tempo juntos por agora, da forma que sinta ser a melhor para ambos. Você e a criança têm uma escolha a fazer. A criança pode escolher ficar aí no santuário, nesse lugar seguro e especial dentro de si e você pode vir visitá-la no seu santuário. Ou a criança pode vir consigo quando sair do santuário. A sua criança saberá o que é melhor nesse momento e poderá sempre ser alterado no futuro.

Se a criança escolher ficar no santuário, despeça-se por agora. Deixe que ela saiba que voltará tantas vezes quantas lhe forem possíveis e que quer saber como a criança se sente e o que precisa de si na sua vida...

Se a criança vem consigo, traga-a nos seus braços ou pela mão e comece a percorrer o caminho para fora do santuário. Enquanto segue pelo caminho, sinta-se vivo, cheio de energia, em equilíbrio e centrado...

Torne-se consciente do seu corpo no seu quarto (ou onde iniciou a meditação) e quando se sentir preparado, abra os seus olhos e volte ao quarto (ou qual seja o local onde se encontra).

Agora que entrou em contacto com a sua criança interior, é importante continuar e ser consistente em tomar conta dela e estar presente com regularidade. Você é o progenitor da sua própria criança interior. É importante tornar-se um progenitor consciente, carinhoso e responsável para essa criança. Isto pode ser divertido para si e para a sua criança interior, mas também requer responsabilidade da sua parte. Significa que terá de criar algum espaço na sua vida para essa criança.

Se não tem a certeza de quais são as necessidades da sua criança ou qual a melhor forma de tomar conta dela, basta perguntar-lhe. A criança sabe sempre o que quer e o que precisa, por isso cultive o hábito de comunicar com ela, perguntando o que quer, o que precisa. Faça então o seu melhor para preencher as suas necessidades. Nem sempre pode fazer aquilo que a sua criança quer quando ela quer, mas deverá incluir as suas necessidades na sua vida, tal como deveria se fosse uma criança real. Torne-as tão prioritárias quanto possa e verá que a recompensa é enorme.

Pense em coisas que poderão ser divertidas e agradáveis para a criança e comece a incluí-las na sua vida de uma forma regular. Todos os dias ou pelo menos numa base regular, de poucos em poucos dias, tire algum tempo, mesmo que sejam apenas alguns minutos de manhã ou alguns minutos à noite, e descubra o que a sua criança gosta de fazer. Arranje brinquedos com que a sua criança goste de brincar, saia para passear, ande de bicicleta, tome banhos de espuma, arranje livros de histórias - coisas que alimentem realmente a sua criança interior. Claro que a coisa mais importante para a sua criança é o amor e a intimidade, pelo que a sua criança o guiará para um maior contacto, proximidade, amizade e amor com as outras pessoas.

Também é importante aprender quando não é apropriado trazer a sua criança à tona. É provável que a meio de uma reunião de trabalho não seja a melhor altura para trazer a sua criança. Pode deixá-la em casa a brincar. Diga-lhe que vai sair para o trabalho e quando voltar pode brincar com ela. :)

Mesmo que estas coisas possam parecer meio tontas no início, trarão mais equilíbrio, harmonia, alegria e realização à sua vida.

livremente traduzido por Sofia Morgado de "Meditações" por Shakti Gawain

http://www.darshanzen.com/crianca_interior.html

http://www.universodeluz.net/modules.php?name=News&file=article&sid=618

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